Fragmentos
extraídos da obra: Bio (sócio) diversidade e empreendedorismo ambiental na
Amazônia. Joselito Santos Abrantes. 2002.
... as políticas desenvolvimentistas para a Amazônia,
enquanto geradoras e/ou catalisadoras do agravamento de questões como a
mineral, a fundiária e a florestal, devem ser avaliadas como resultantes da
articulação entre o modelo nacional de crescimento econômico e o processo
internacional de acumulação capitalista. Pág. 39.
Em resumo, o modelo de desenvolvimento adotado até hoje e
as políticas de desenvolvimento que o acompanham não têm sido coerentes com a
ideia de utilizar racionalmente os recursos da Amazônia. Pág. 51
A Amazônia é vista como um fornecedor de matérias-primas
para as regiões mais desenvolvidas do Brasil e não se pensa num desenvolvimento
endógeno que traga benefícios para a população local. Pág. 51.
A partir destes trechos da
obra de Abrantes é possível já ter uma noção do que foi e do que é a Amazônia
hoje. Desde o processo de colonização a Amazônia era conhecida como fonte de produtos
para exploração e exportação.
A única preocupação política
desse período era apenas extrair recursos da floresta e obter lucros. Os
benefícios dessa economia capitalista eram direcionados para outras regiões. A
Amazônia permaneceu por mais de dois séculos sendo controlada pela corte
portuguesa no período colonial que isolava essa região do restante do Brasil,
através da aplicação de uma administração distinta.
O que é mais intrigante é
que atualmente essa questão de desenvolvimento da Amazônia já deveria ter sido
resolvida. Sabemos que muitos avanços ocorreram, mas serão necessários muito
mais se formos colocar na balança a rica biodiversidade e sua influência em
escala mundial.
Essa visão antiga de que a
Amazônia era “apenas” uma região com grande potencial para exploração foi muito
prejudicial para a manutenção da floresta e para a própria população que hoje
sente a ausência de uma assistência mais eficaz e preocupada com o benefício de
ambos: natureza e população.
É necessária uma nova visão
sobre a Amazônia, além de uma fauna e flora protegida é importante também a boa
qualidade de vida das pessoas que moram, estudam e trabalham na região. Aliás,
para a sustentabilidade acontecer na Amazônia a população precisa estar
integrada e acolhida em políticas ligadas ao meio ambiente e a sociedade.
No entanto, o que aconteceu
durante esses anos foi a implementação de politicas desenvolvimentistas com
favorecimento para uma minoria, sempre com uma intenção voltada para os
interesses capitalistas, inclusive de outras regiões do país. Esta situação
acabou tornando inevitável o desencadeamento de problemas sociais locais.
Vale destacar que o
desenvolvimento de uma sociedade acontece quando há um conjunto de fatores que
se integram, se articulam caminhando juntos para o mesmo propósito. Isso pode
acontecer através de políticas públicas transparentes, que haja realmente a
intenção de colocá-las em prática e que sejam principalmente “viáveis”. Esse
passo em rumo ao desenvolvimento irá melhorar a qualidade de vida da população
e consequentemente bons resultados virão em relação à sustentabilidade da
floresta.